segunda-feira, 30 de novembro de 2009

domingo, 8 de março de 2009

Jovem em liberdade condicional por ciberbullying


Uma jovem de 18 anos foi condenada a um ano de liberdade condicional e a uma multa por ter disponibilizado on-line um vídeo onde uma colega sua era agredida, imagens que correram mundo há um ano


Brittany Mayers foi a principal condenada de um grupo de cinco adolescentes acusadas de agredirem e gravarem a agressão de uma colega de escola há cerca de um ano.
Estas imagens acabaram por ser transmitidas um pouco por todo o mundo através da Internet e TV, tornando o caso ainda mais mediático.
Durante o julgamento os pais da rapariga agredida acusaram as arguidas de terem planeado vídeo da agressão já com o intuito de o colocarem on-line.
Por outro lado a mãe de uma das acusadas afirmou que estas reagiram a provocações da vítima, que teria recorrido a uma rede social para as insultar.
Além da prisão condicional, Brittany Mayers vai ter de pagar uma multa de 1.752 dólares, cerca de 1300 euros.

terça-feira, 3 de março de 2009

Bullying, a violência entre iguais


João, 14 anos, era excelente aluno. Levou a peito a atitude e os sms dos amigos. Em Fevereiro suicidou-se. A família aponta esta como a grande causa, apesar da escola rejeitar a ligação. O fenómeno do bullying, o enquadramento de especialistas e outras histórias de violência entre alunos.


Pode ser demasiado cruel o recreio da escola. Tem menos protecção para quem é posto de parte por alguns colegas. E está-se também mais exposto. João (nome fictício), 14 anos, sabia-o bem: tinha o nome inscrito no quadro de honra dos melhores alunos do 9.º ano, praticava desporto e jogava futsal como um craque, era popular e as miúdas achavam--no o máximo; talvez fosse sensível de mais para as pessoas que o rejeitavam. O próprio psicólogo que o acompanhava nas Oficinas de S. José, dos Salesianos, Lisboa, onde ele estudava, reparou num problema, recorda alguém que lhe era próximo: 'ele queria dar-se bem com toda a gente, mas não sabia gerir muito bem possíveis conflitos.' João estava a ser alvo de bullying – um termo que descreve a violência psicológica e física perpetrada pelos pares, colegas de escola, continuada no tempo e com o intuito de humilhar, rebaixar ou controlar, de alguma forma, alguém.

No seu caso, atacar a sua popularidade era uma forma de atingi-lo. Tudo terá começado quando, no início deste ano lectivo, João denunciou a um amigo um caso que se passava, à sua revelia, provocado por outros três colegas. Acontece que os quatro se juntaram e passaram a excluí-lo. Incompreendido, João desabafou com a sua directora de turma e com a família.

'Punham-no de parte e influenciavam outros a fazê-lo', relata a mesma pessoa. 'Sei que lhe mandaram mensagens de telemóvel a insultá-lo. Uma vez, que ele era para ir a uma festa – e que acabou por não ir – mandaram--lhe, depois, uma mensagem a dizer que ele não tinha ido porque ninguém gostava dele. Eram mensagens para o rebaixar, humilhar, para dizer que ele era um desgraçado que não tinha amigos. O que era completamente falso.'

Para os Salesianos, o processo educativo só se completa quando a família do aluno e a escola se envolvem em prol do mesmo. João passou a ser uma das 60 crianças a ter apoio psicológico da instituição. A mãe ficou em contacto estrito com a directora de turma, contou à Domingo, num encontro onde estivam presentes também o director pedagógico daquela instituição, a directora de turma e a coordenadora de ciclo.

João tinha maturidade. Falava roçando um ar de adulto. Mas tinha a mesma vontade de brincar e de se divertir de qualquer adolescente aos 14 anos. 'Ele era diferente da maioria dos casos de bullying onde, por norma, as pessoas fecham-se. Ele transmitia alegria, vontade de viver, tinha muitos projectos', conta a mãe. Um deles era fazer a viagem de finalistas do 9.º ano, a Paris; o outro, era figurar no 'quadro de excelência' da escola – que existe a par do 'quadro de valores', que distingue as boas pessoas –, para ter acesso à bolsa de estudo que iria aliviar a mãe e o avô da mensalidade. Quem o conhecia acredita que provir de uma condição económica diferente da maioria dos colegas e, por outro lado, ser exemplar na sua prestação escolar e desportiva, poderia torná-lo um alvo de bullying.

Todos os projectos de João ficaram suspensos. Sem que ninguém o previsse, o adolescente suicidou-se em Fevereiro, numa noite em casa – depois de se divertir a jogar ao ‘Guitar Hero’, na PlayStation3. A família acredita que o bullying despoletou o suicídio, a par da ansiedade por saber as notas do segundo período. A comunidade escolar prefere não associar estes factores ao trágico acontecimento, alegando que factores familiares somados a outros convergiram para este desfecho.

É sintomática a preocupação manifestada pelo procurador-geral da República ao constatar que só na região de Lisboa foram abertos 'cerca de 111 inquéritos', em 2008, relacionados com violência escolar – muitos contra a integridade física de professores e outros elementos escolares. Outros são furtos. Importa esclarecer que a grande maioria destes casos não são de bullying.

'Assistimos a um pico de bullying em 2002 e que, agora, está a baixar. Acontece que toda aquela indisciplina que se assiste nas escolas não é bullying, que não tem nada a ver com a relação do aluno com o professor, nem com a sala de aulas' – esclarece Margarida Gaspar de Matos, psicóloga e docente na Faculdade de Motricidade Humana, Lisboa.

Nesta forma de agressão, muitas vezes silenciosa, a internet e os telemóveis revelam-se armas de bullying – é o fenómeno cyberbullying. Além de atingirem a vítima, muitos deles procuram uma – perversa – plateia. Sónia (nome fictício), hoje com 21 anos, viu a sua página pessoal no Hi5 (rede social) clonada. Há dois anos alguém copiou as suas fotos para criar um personagem. Seria 'um adolescente que estava farto da ex-namorada porque ela não o deixava em paz e fê-lo para ela perceber.' Ou seja, ele mantinha conversas apaixonadas com a rapariga das fotos. Sónia sentiu--se usada por alguém ter-se apropriado da sua identidade fotográfica para fins desconhecidos. Isso assustou-a.

O medo de não conhecer o agressor, como Sónia, pode ser tão grande como o de quem teme represálias por ter pedido ajuda a alguém. Pedro, 13 anos, reconhece que o melhor é ninguém associar o seu nome à sua imagem. No Restelo, Lisboa, a sua escola também é frequentada por alunos-filhos de classe média-alta. Os mais velhos dirigiam--se a ele com frequência obrigando-o a contar anedotas ao sabor de ‘calduços’.

'Sabe o que é um moche? Sabe o que são 20 miúdos em cima de si? Dói, pois dói' – conta Pedro. 'Sou conhecido em toda a escola como um ‘nerd’ (marrão). Nesta sociedade de hoje, nas crianças, ser bom aluno é mau. Para eles, o fixe é fumar e beber cerveja, aos 14 anos. Quem tem boas notas é um ‘nerd’'.

Apesar de importunado, o adolescente já se tinha habituado a ser alvo de troça. O culminar da tensão a que estava sujeito surge quando o mesmo grupo de sempre – desta vez eram dez – o aterrorizou. 'Ia ao McDonald’s ter com amigos quando me atacaram. Cinco deles é que participaram furtivamente, empurrando-me e dando-me ‘calduços’ e ‘carolos’'. Só o largaram, embora que por pouco tempo, quando ameaçou participar à escola. À saída do restaurante de fast-food, o grupo foi atrás dele, um deles empunhava um tabuleiro. 'Comecei a correr mas eles foram mais rápidos. Bateram-me e um deles deu-me, duas vezes, com o tabuleiro na cabeça. E caí na lama' – conta esmorecido. 'O mais humilhante é que filmaram e puseram no YouTube', denuncia.

Antes, Pedro falava com a mãe e rejeitava a sua intervenção. Desta vez, ligou-lhe logo. 'O meu pai foi à escola e fez um pouco de escândalo – era preciso – e desde esse dia dou um aperto de mão aos polícias da Escola Segura, de manhã, por protecção.' Pedro estava farto de fugir deles, nem podia chegar perto do campo de futebol. 'Ir aos balneários, isso é que não podia mesmo!'

Neste caso, a escola suspendeu o aluno que lhe deu com o tabuleiro por três dias; outros dois colegas com dois dias; e mais dois com um dia.

Explica o presidente da Comissão Nacional de Protecção de Crianças e Jovens em Risco, Armando Leandro, que 'compete às escolas actuar em consenso com os pais. Se porventura esse consenso não existir ou não puder ser resolvida a situação – e se a situação envolver perigo para o autor do bullying ou para quem o sofre –, deverá ser comunicado à Comissão de Protecção. O grau de perigo é determinado quando está em causa uma forte probabilidade de afectação da saúde, segurança, educação e desenvolvimento da criança'.

Mas os pais podem opor-se à intervenção da escola e da Comissão de Protecção (Lei 147/99). E, neste caso, o problema é tratado pelo tribunal.

Segundo um relatório da Organização Mundial de Saúde relativo aos comportamentos em crianças em idade escolar, com 13 anos, sobre o fenómeno de bullying, no ano lectivo de 2001/2002, em Portugal, 8,2% dos rapazes e 17% das raparigas declararam ter sido vítimas duas ou mais vezes, no último mês – o nosso País estava em décimo quarto num ranking mundial liderado pela Lituânia. Mais surpreendente: 15,8% dos rapazes e 27,3% das raparigas afirmaram terem sido autores de bullying, duas ou mais vezes, nos últimos meses – o que nos catapulta para o quarto país no ranking, liderado pelo mesmo.

No entanto, até mesmo antes da adolescência, há crianças a ‘provar’ desta violência transversal a classes sociais e a escolas. Ana Milene Magalhães, de 10 anos, tem uma afirmação convicta para responder às agressões dos colegas, no início de Fevereiro. 'Só volto à escola em Março, porque acho que me vou esquecer do que aconteceu.' A mãe, Rute Marina, não contesta. E a menina, hesitante, acaba por contar o seu tormento por voltar ao 5.º ano da Escola Básica Integrada, do Monte de Caparica, Almada – colada ao problemático bairro do Pica-pau Amarelo –, disposta a recuperar as cinco negativas.

Dentro da própria escola, Ana foi humilhada por quatro colegas, que lhe puseram lama na boca e deitaram-na ao chão, pisando-lhe a cabeça. Eram já frequentes as quezílias entre eles – ao ponto da mãe pedir aos professores para a deixarem ser a primeira a sair da sala de aulas (ver caixa). Desta vez Ana tinha sido arrastada do bar para a ribanceira que fica junto ao muro, das traseiras, da escola. Atiraram-na ribanceira abaixo várias vezes e insultaram--na. 'Deram-me chapadas, pontapés, socos e deram-me com uma capa na cara' – recorda. Ainda lhe rasgaram os cadernos e desapareceram os seus livros. Ninguém a ajudou. E os professores e auxiliares não deram por nada.

A escola participou à polícia e o caso foi entregue ao tribunal. Entretanto, a menina ainda não tem apoio psicológico. A mãe só lamenta ter a filha 'numa escola sem condições para tomarem conta de tantas crianças'.

Allan Bean, especialista em Educação, reconhece o seu erro ao ter aconselhado o filho – que desde o 7.º ano era vítima de bullying e que viria a morrer mais tarde por consequência dos danos provocados –, a retaliar. Escreveu conselhos em livro – como ‘A Sala de Aula sem Bullying’, da Porto Editora – e no seu site bullyfree.com (parte dessas dicas podem ser lidas nas caixas). Foi a tristeza de ter perdido um filho que o leva a correr o Mundo em conferências sobre este fenómeno social.

O QUE PODEM OS PAIS FAZER PARA AJUDAR UM FILHO QUE ESTEJA A SER VÍTIMA DE BULLYNG?

• Diga ao seu filho que ninguém merece ser vítima de bullying;

• Mantenha-se calmo;

• Seja sensível ao facto de o seu filho se sentir humilhado;

• Tente saber o que aconteceu, quando, com quem, como e porquê;

• Mostre confiança na resolução do caso;

• Peça ao seu filho para escrever os seus sentimentos sobre o sucedido;

• Explique-lhe que é normal sentir-se ferido, com medo ou raiva;

• Não diga para retaliar;

• Não diga para ignorar o agressor;

• Ensine-o a ser assertivo, não agressivo;

• Comunique à escola todos os episódios;

• Fotografe as marcas de agressões;

• Seja paciente com a escola;

• Inclua o seu filho na tentativa de encontrar uma solução;

• Peça a colegas do seu filho, com boa conduta moral, para o acompanharem na escola;

• Não desista.

FIQUE ALERTA AOS SINTOMAS QUE NORMALMENTE UMA VÍTIMA APRESENTA PARA SABER QUANDO AJUDAR

• Desinteresse súbito pela escola;

• Desmazelo súbito na elaboração dos trabalhos-para-casa;

• Escolha de outro caminho para a escola ou um meio de transporte diferente;

• Felicidade durante os fins-de-semana, mas tristeza aparente e preocupação/tensão no domingo;

• De repente, prefere ficar na companhia dos adultos;

• Frequentemente doente (dores de cabeça ou de estômago);

• Pesadelos e insónias durante a noite;

• Volta para casa com arranhões inexplicáveis, contusões e roupa rasgada;

• Fala sobre como evitar certas áreas da escola e/ou do bairro;

• De repente, começa a fazer bullying

• Procura os amigos errados nos piores locais;

• Começa a falar de suicídio e diz sentir-se deprimido.

(Conselhos do especialista norte-americano em Educação Allan Bean)

ANA MILENE, DEZ ANOS, FOI ASSISTIDA NO HOSPITAL POR AGRESSÃO. A MÃE JÁ INTUÍA

Ana Milene Magalhães, 10 anos, foi assistida a 6 de Fevereiro no Hospital Garcia de Orta, em Almada, vítima de agressão (relatório na foto ao lado). Há muito que um grupo de colegas se tinha incompatibilizado com ela. Acontece que Ana pouco mais de dois amigos terá na escola. Estava vulnerável a qualquer ataque. Bastava que os funcionários da escola não estivessem atentos ao que se iria suceder: foi agredida por mais de uma hora com chapadas, pontapés, murros e humilhada. Depois, os quatro colegas, já com ela no chão, encheram-lhe a boca de lama e pisaram-lhe a cabeça. De seguida, atiraram-na ribanceira abaixo várias vezes. Tudo dentro da escola.

Rute Marina, a mãe de Ana, já temia que algo pudesse acontecer à filha. Ela vinha a dar sinais de não querer ir à escola porque algo a estaria a perturbar. Assim sendo, no dia 21 de Janeiro, Rute escreveu na caderneta de aluno da filha (na foto ao lado) um recado à directora de turma: queria que os professores deixassem a filha ser a primeira a sair da sala de aulas para que não ficasse exposta às agressões, ainda que verbais, até ali, dos colegas. Da Escola Básica Integrada do Monte de Caparica, em Almada, a casa de Ana, também no bairro problemático do Pica-pau Amarelo, são dois minutos a pé. Mas acabou por ser agredida no passado dia 6.

Bruno Contreiras Mateus

Lusodescendente pede um milhão de euros por intimidação na escola

O lusodescendente alegadamente vítima de intimidação [bullying] pelos colegas em Inglaterra reivindica mais de um milhão de euros de indemnização à sua antiga escola por considerar que esta falhou na sua protecção.
John Thomson, hoje com 23 anos, exige, no processo que decorre no Supremo Tribunal de Justiça de Londres, que lhe sejam compensados os gastos com psicólogos, transportes, medicação, despesas da família e rendimentos não ganhos por incapacidade em conseguir emprego.
O jovem alega que, por causa dos insultos continuados que sofreu durante vários anos, entrou em depressão e que isso afectou o seu desempenho escolar, social e pofissional.
Todavia, Andrew Miller, o advogado do estabelecimento de ensino, a Berkhamsted Collegiate School, faz um retrato diferente, sugerindo que Thomson exagerou nos problemas psicológicos que diz ter por causa de ter sido gozado pelos colegas e nas incapacidades de interagir com colegas que descreve.
Como prova, mostrou fotografias de viagens e festas que Thomson colocou na sua página no Facebook [rede social na Internet], referiu as boas notas queo jovem teve no ensino secundário e a licenciatura em engenharia electrónica que concluiu no Imperial College de Londres, «uma das melhores universidades do Reino Unido e do mundo».
«Não é demais pedir um milhão delibras?», questionou hoje o advogado, numa sessão no tribunal, comparando o valor da indemnização reinvindicada com aquele que «um paraplégico pediria» num acidente.
O jovem defendeu-se, alegando que as fotografias em que aparece a sorrir não reflectem o seu estado de espírito. «A depressão não é fácil, é uma montanha russa. Tenho uns dias melhores, outros piores», retorquiu.
John Thomson alega que desde os 11 anos, em 1996, foi insultado e humilhado repetidamente por colegas, que lhe chamavam «pobre menino rico».
Thomson queixa-se de que a escola, privada e de inspiração católica, não o defendeu devidamente quando se queixou dos insultos de que era alvo.
O jovem entrou em depressão e tentou o suicídio em 2001, então com 16 anos, levando os pais, a portuguesa Gracinda e do britânico Ian, a mudá-lo de escola.
A Berkhamsted Collegiate School continua a argumentar que não existem provas de uma campanha sustentada de intimidação e que não teve conhecimento das queixas antes de 2001.
De acordo com a imprensa britânica, este processo pode criar um precendente judicial pois casos anteriores semelhantes contra escolas privadas foram resolvidos fora do tribunal ou abandonados.
O julgamento decorre no Supremo Tribunal de Londres. Arrancou na segunda-feira e deverá durar cerca de duas semanas.
Lusa/SOL

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Jovens viciados na Internet tendem a ser mais agressivos

Um estudo realizado em Taiwan revela que os jovens que apresentam sinais de vício em aceder à Internet tendem a ter comportamentos violentos e agressivos
Segundo a Reuters o estudo envolveu cerca de 9400 adolescentes e revelou que os jovens mais preocupados com o tempo que passam na Internet, são aqueles que admitem terem batido ou ameaçado alguém no ano passado.
No mesmo estudo os investigadores consideram que também os jovens com comportamentos depressivos ou que passam muito tempo em frente à televisão a assistir a conteúdos violentos, têm tendências de violência.
Citado pela agência noticiosa um dos investigadores defende ser possível que os jovens violentos sejam os que tenham uma utilização mais obsessiva da Internet.
Chih-Hung Ko alerta ainda para o papel dos pais, que devem ser mais atentos ao comportamento dos seus filhos quando estes estão a navegar on-line.
Para os investigadores, as principais provas de vício na Internet surgem quando os jovens estão vários dias sem aceder à Internet, e dizem respeito a um sentimento de irritabilidade ou a falta de interesse em actividades não relacionadas com a Rede.
O estudo revela ainda que dentro do grupo dos adolescentes viciados na Internet, os que têm comportamentos mais violentos e agressivos são os que passam grande parte do seu tempo em chats, sites de jogos, sites de pornografia e fóruns de discussão.
O autor do estudo acredita que este tipo de sites podem incentivar os jovens «a libertar a sua raiva» e seguirem comportamentos que normalmente não têm na vida real.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Professora agredida a murro por mãe de aluna de escola secundária na Figueira da Foz

18.02.2009 - 20h49 Lusa
Uma professora de História da Escola Secundária Bernardino Machado, na Figueira da Foz, foi alegadamente agredida a murro pela mãe de uma aluna do 11º ano, tendo apresentado queixa na PSP, disse hoje fonte policial."Foi uma agressão física sem arma. A senhora foi vista no centro de saúde e depois formalizou a queixa", disse fonte da PSP da Figueira da Foz. O caso aconteceu sexta-feira durante uma reunião na escola sobre o rendimento escolar da aluna, entre a mãe da rapariga - já identificada pelas autoridades -- e a docente, ambas com cerca de 40 anos. A fonte da PSP considerou estar-se perante uma "situação muito grave", dado o contexto em que a alegada agressão ocorreu. "Nem sequer necessita de queixa, segundo o Código Penal. É um crime público, porque há uma relação directa entre a função da docente e a agressão", explicou. O caso está entregue ao Ministério Público.

Região de Lisboa com mais inquéritos relacionados com violência escolar

23.02.2009 - 17h30 Lusa
Lisboa é a região do país onde se verificaram em 2008 mais inquéritos relacionados com casos de violência escolar, segundo dados da Procuradoria-Geral da República (PGR) hoje divulgados. Segundo uma nota da PGR, na Procuradoria-Geral Distrital de Lisboa foram abertos em 2008 "cerca de 111 inquéritos" (investigações) relacionados com violência escolar.No Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa foram registados 15 casos relativos a crimes de "ofensas à integridade física contra professores e outros membros da comunidade escolar". Segundo a PGR, o DIAP do Porto tomou nota de 11 inquéritos "por ofensa à integridade física contra professores" e 21 participações por furto em "estabelecimento de ensino, com arrombamento, escalamento ou chaves falsas".Em 2008, o DIAP de Coimbra iniciou 12 inquéritos a crimes de "ofensas à integridade física contra professores e outros membros da comunidade escolar", enquanto o DIAP de Évora registou quatro inquéritos "por factos relativos a violência sobre professores ou alunos em ambiente escolar". A PGR salienta ainda que, relativamente a Évora, "dois inquéritos foram arquivados; num inquérito foi proferido despacho de acusação e outro inquérito encontra-se pendente".A mesma nota não inclui dados sobre o Algarve, os Açores e a Madeira. No final de Outubro de 2008, a Procuradoria-Geral Distrital de Lisboa (PGDL) divulgou ter registado até então um total de 57 casos de violência relacionada com a comunidade escolar, tendo a maior incidência sido verificada no Círculo de Almada, com 21 casos.Contactada pela Lusa, fonte do Ministério da Educação (ME) afirmou que os dados do ME sobre este assunto, relativamente ao ano passado, "estão a ser consolidados". Sem comentar os números hoje adiantados pela PGR, também a PSP, responsável pelo programa Escola Segura, informa que o relatório sobre a actividade deste programa em 2007/08 "será tornado público em parceria com o Ministério da Educação".

Pais preocupados com dados do Ministério Público sobre violência escolar


23.02.2009 - 19h58 Lusa
As associações de pais de Lisboa consideram "preocupantes" os dados hoje divulgados pelo Ministério Público que demonstram que Lisboa é a região onde há mais inquéritos relacionados com casos de violência escolar: cerca de 111 em 2008. Isidoro Roque, presidente da Federação Regional de Lisboa das Associações de Pais (FERLAP), considera "preocupante a quantidade de processos-crime relativos a violência em ambiente escolar", defendendo a urgência no combate à violência nas escolas."Problemas há muitos, mas poucas soluções", argumenta Isidoro Roque numa nota, alertando para a falta de medidas aplicadas nesta matéria. O presidente da Confederação das Associações de Pais (Confap), Albino Almeida, considera igualmente "inaceitável e lamentável" que estes problemas continuem a proliferar nas escolas."As escolas devem impor-se naquelas que são questões de comportamentos desviantes, combatendo-as através dor órgãos necessários", defendeu. Segundo Albino Almeida é necessário e urgente, no sentido de se resolver os problemas de indisciplina, analisar cada escola, porque cada caso é um caso, e auferir as condições reunidas para combater estas situaçõesJá a Confederação Nacional Independente de Pais e Encarregados de Educação (CNIPE) defende, em comunicado, a necessidade de serem criados gabinetes de apoio à integração dos alunos nas escolas, mais profissionais auxiliares para os estabelecimentos de ensino de maior risco, mas também o reforço do programa Escola Segura, da PSP.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009


"Uma menina de 10 anos teve que receber tratamento depois de ter sido espancada. Agressão foi praticada na própria escola [Escola Básica Integrada do Monte da Caparica, em Almada] e os agressores apontados pela garota são quatro alunos, seus colegas. A GNR investiga o caso."
Jornal de Notícias, 8 de Fevereiro

"A PSP vai comunicar ao Ministério Público a agressão sofrida, esta terça-feira, por um professor de Inglês da Escola Básica 2-3 Dr. Francisco Sanches, de Braga, que ficou a sangrar abundantemente depois de esmurrado pelo tio de um aluno, disse à Lusa fonte da corporação."
Portugal Diário, 11 de Fevereiro

Estas são duas notícias recentes de agressões em escolas portuguesas. Em qualquer escola do mundo, pública ou privada, pode acontecer uma agressão. Mas o que está a acontecer em Portugal não é nada disso. À semelhança dos desastres de avião que frequentemente resultam não dum grande problema mas sim dum somatório de falhas que isoladamente não têm grande importância mas em conjunto desencadeiam a catástrofe, também uma leitura deste tipo de notícias permite concluir que algo de profundamente anormal está a acontecer nas escolas públicas, em Portugal.
Por exemplo, no caso da agressão à menina na Escola Básica Integrada do Monte da Caparica, em Almada, verifica-se que a aluna foi agredida dentro da escola, durante uma hora. Nem funcionários nem professores deram por isso. Uma hora é muito tempo. E cinco crianças, isto a contarmos apenas a agredida e os agressores, envolvidas numa cena destas fazem uma certa algazarra. Mas
admitamos que tal pode acontecer. Em seguida a criança agredida saiu da escola acompanhada por dois colegas, o que quer dizer que, pelo menos, entre os alunos já corria informação sobre a agressão. A menina tinha a roupa cheia de lama, sangue na boca e a cara esfolada. Mas saiu da escola, durante o período escolar, e repito: durante o período escolar, sem que qualquer funcionário ou professor considerasse que devia intervir. Ou teremos de admitir que uma criança neste estado consegue atravessar as instalações escolares e passar pela portaria sem que professores ou funcionários a vejam? É difícil entender que tal aconteça, mas admitamos que estava muito nevoeiro ou que estavam todos a contemplar o céu e logo também isto pode ser possível. Chegada a casa, a criança foi levada ao Hospital Garcia de Orta, cujo relatório citado pelo Jornal de Notícias diz o seguinte:
"Criança de 10 anos, sexo feminino, vítima de agressão física por parte de quatro colegas da escola, todos com 11 anos. Hematoma facial esquerdo, dor abdominal e dorsolombar difusa, escoriações em ambas as palmas das mãos e lombares".
Face a este relatório, a "GNR investiga o caso". Cabe agora perguntar o que faz a GNR no meio disto? Em relação aos agressores que nem sequer têm 12 anos não podem fazer nada. E sobretudo o que sucedeu naquela escola e está a suceder um pouco por todo o país é uma sequência de desresponsabilização por parte de professores e funcionários: não ver, não intervir, olhar para o outro lado tornaram-se a estratégia de sobrevivência numa escola sem autoridade nem prestígio. Na evidência dos hematomas ou das filmagens com telemóvel abre-se então um inquérito e apresentam-se queixas na polícia, como quem lava as mãos.
Passando para o caso da agressão a um professor numa escola de Braga, nota-se
exactamente o mesmo receio de intervir: um homem entra numa escola ameaçando bater num determinado professor. Não consegue e espera-o à saída
da escola, tendo concretizado a agressão à saída, perante várias testemunhas. Não conheço qualquer outro local de trabalho, além das escolas portuguesas, onde uma pessoa ameaçada saia do seu local de trabalho sem que alguns colegas o acompanhem.
É este espírito de medo, rebaixamento, falta de princípios e cobardia que se incute diariamente nas escolas aos nossos filhos? É. O vazio de autoridade nas escolas levou a isto: chama-se a polícia e abrem-se processos judiciais para tentar intervir em situações que um conselho directivo devia ter meios para resolver. Para cúmulo, deste ambiente perverso que levou à criminalização do quotidiano prometem-se agora câmaras de videovigilância para 1200 escolas. Alega o ministério que o Plano Tecnológico da Educação vai dotar as escolas de
computadores, quadros interactivos e videoprojectores por cuja segurança estas
câmaras irão zelar. Apanhando o comboio, muitas escolas esperam também que as câmaras dissuadam alguns actos de violência. Mas, como todas as semanas
notícias como estas confirmam, o problema não é não ver. É não querer ver. Ou
ter medo de ver. Quantos adultos viram aquela criança ser agredida na Escola
Básica Integrada do Monte da Caparica? Nenhum? E nenhum a viu sair da escola com lama e sangue na cara? Ninguém viu o agressor à espera do professor de Inglês à porta da Escola Básica 2-3 Dr. Francisco Sanches, de Braga? O que fez falta nestas escolas não foram câmaras de videovigilância. O que fez falta foi não ter medo de assumir responsabilidades.