terça-feira, 3 de março de 2009

Lusodescendente pede um milhão de euros por intimidação na escola

O lusodescendente alegadamente vítima de intimidação [bullying] pelos colegas em Inglaterra reivindica mais de um milhão de euros de indemnização à sua antiga escola por considerar que esta falhou na sua protecção.
John Thomson, hoje com 23 anos, exige, no processo que decorre no Supremo Tribunal de Justiça de Londres, que lhe sejam compensados os gastos com psicólogos, transportes, medicação, despesas da família e rendimentos não ganhos por incapacidade em conseguir emprego.
O jovem alega que, por causa dos insultos continuados que sofreu durante vários anos, entrou em depressão e que isso afectou o seu desempenho escolar, social e pofissional.
Todavia, Andrew Miller, o advogado do estabelecimento de ensino, a Berkhamsted Collegiate School, faz um retrato diferente, sugerindo que Thomson exagerou nos problemas psicológicos que diz ter por causa de ter sido gozado pelos colegas e nas incapacidades de interagir com colegas que descreve.
Como prova, mostrou fotografias de viagens e festas que Thomson colocou na sua página no Facebook [rede social na Internet], referiu as boas notas queo jovem teve no ensino secundário e a licenciatura em engenharia electrónica que concluiu no Imperial College de Londres, «uma das melhores universidades do Reino Unido e do mundo».
«Não é demais pedir um milhão delibras?», questionou hoje o advogado, numa sessão no tribunal, comparando o valor da indemnização reinvindicada com aquele que «um paraplégico pediria» num acidente.
O jovem defendeu-se, alegando que as fotografias em que aparece a sorrir não reflectem o seu estado de espírito. «A depressão não é fácil, é uma montanha russa. Tenho uns dias melhores, outros piores», retorquiu.
John Thomson alega que desde os 11 anos, em 1996, foi insultado e humilhado repetidamente por colegas, que lhe chamavam «pobre menino rico».
Thomson queixa-se de que a escola, privada e de inspiração católica, não o defendeu devidamente quando se queixou dos insultos de que era alvo.
O jovem entrou em depressão e tentou o suicídio em 2001, então com 16 anos, levando os pais, a portuguesa Gracinda e do britânico Ian, a mudá-lo de escola.
A Berkhamsted Collegiate School continua a argumentar que não existem provas de uma campanha sustentada de intimidação e que não teve conhecimento das queixas antes de 2001.
De acordo com a imprensa britânica, este processo pode criar um precendente judicial pois casos anteriores semelhantes contra escolas privadas foram resolvidos fora do tribunal ou abandonados.
O julgamento decorre no Supremo Tribunal de Londres. Arrancou na segunda-feira e deverá durar cerca de duas semanas.
Lusa/SOL

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